Aumento ou perda de peso sem motivo aparente, queda de cabelo, unhas quebradiças, pele sem viço, sensação de cansaço contínua, entre outros distúrbios, costumam ter algo em comum: são sintomas originados na tireoide. Se você apresenta esses sinais e nunca procurou um endocrinologista, talvez esteja na hora. Por meio de exames simples, é possível identificar a origem dos problemas e dar início ao tratamento necessário.
Quer saber mais? Então, continue a leitura e veja 5 sintomas relacionados a disfunções na tireoide!
O que é a tireoide?
A tireoide é uma glândula localizada na parte frontal do pescoço. Com dois lobos, seu formato se assemelha a uma borboleta. Apenas a tireoide aumentada pode ser sentida ao toque. Quando normal, ela é imperceptível.
Mas antes de continuar o artigo, é preciso esclarecer um ponto. Muita gente se confunde ao falar de problemas na tireoide. Perguntas como “tireoide tem cura?”, “o que causa a tireoide?” e “quais são os sintomas da tireoide?” não fazem sentido — pois, como mencionado, tireoide é uma glândula e não uma doença.
Qual é a função da tireoide?
Agora que ficou claro o que é a tireoide, vamos tratar da sua função. Basicamente, essa glândula serve para preservar o equilíbrio do organismo. Para isso, ela produz e secreta os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), os quais regulam as funções de órgãos vitais, como o coração, cérebro, fígado e rins. Sendo assim, a tireoide atua, diretamente, no:
- crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes
- regulação dos ciclos menstruais e na fertilidade
- na velocidade do metabolismo e manutenção do peso adequado
- na memória, concentração, humor e até no controle emocional.
No entanto, quando essa glândula não funciona adequadamente, ela pode liberar uma quantidade insuficiente ou excessiva de hormônios. Com o desequilíbrio hormonal, surgem os distúrbios tireoidianos.
Problemas na tireoide provocam sintomas?
Certamente. Os sintomas que indicam problemas na tireoide são bastante variados. Conheça-os a seguir.
1. Perda de peso
A perda de peso sem motivo aparente é um dos principais sintomas do hipertireoidismo. O problema é decorrente da produção excessiva de hormônios tireoidianos, geralmente, por conta da Doença de Graves (uma patologia autoimune).
Entre outros sinais, o hipertireoidismo deixa a tireoide inchada, perceptível ao toque. Olhos saltados e avermelhados também são característicos, assim como a queda acentuada de cabelos. Outros sintomas são:
- taquicardia;
- ansiedade;
- irritação;
- insônia;
- tremor;
- sudorese excessiva;
- intolerância ao calor;
- alterações menstruais;
- fraqueza muscular;
- intestino solto.
2. Cansaço excessivo
O cansaço contínuo e exagerado, sem motivo que o justifique e acompanhado de desânimo, indisposição e sonolência, são sintomas importantes do hipotireoidismo. Essa condição decorre da redução na produção de hormônios T3 e T4, geralmente, por conta da Tireoidite de Hashimoto (uma disfunção autoimune).
Fora isso, um sinal claro do distúrbio é conseguir enxergar a tireoide aumentada ao engolir em frente ao espelho. Outros sintomas são:
- lapsos de memória;
- falta de concentração;
- unhas fracas;
- pele seca, sem viço;
- queda de cabelos acentuada;
- ganho de peso sem motivo aparente;
- sensação de inchaço;
- intestino preso;
- menstruação irregular;
- pouca tolerância ao frio.
3. Surgimento da papada
A tireoide inchada pode chegar a 25g. Esse aumento, resultante da diminuição ou incremento da produção dos hormônios T3 e T4, muitas vezes, leva ao aparecimento do bócio. Popularmente conhecida como papada, trata-se de uma alteração mais comum em jovens adultos.
4. “Bolsas” sob os olhos
O hipotireoidismo prolongado costuma levar ao mixedema. Além das “bolsas” sob os olhos, pessoas com essa condição têm a face e as pálpebras mais inchadas.
5. Dor na região da glândula
As doenças inflamatórias que ocorrem na tireoide, as chamadas tireoidites, podem levar os pacientes a sentirem dores na glândula, inclusive com dificuldade para engolir os alimentos. É o que ocorre em casos de tireoidite subaguda (ou Tireoidite de Quervain) e tireoidite fibrótica (ou Tireoidite de Riedel).
Quais são as alterações da tireoide na gravidez?
Os hormônios tireoidianos contribuem para a gestação e para o desenvolvimento fetal. Mas para dar conta das exigências do organismo durante a gravidez, há uma série de mudanças no funcionamento da tireoide.
Essas alterações podem levar ao aumento da glândula, inclusive, com a formação de pequenos nódulos. Na maior parte das vezes, eles são imperceptíveis a olho nu e não trazem riscos nem à gestante, nem ao bebê.
Por outro lado, se o funcionamento da tireoide estiver alterado, podem ocorrer complicações de saúde graves. Na mulher, destacam-se o risco de abortamento e de hipertensão. Já no bebê, há o risco de desenvolver problemas mentais, entre outros distúrbios.
Quais exames diagnosticam problemas na tireoide?
Os exames que investigam a glândula tireoide são exames físicos, laboratoriais e diagnósticos por imagem. Conheça-os melhor a seguir.
Prova de função tireoidiana
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o consenso médico considera a dosagem de hormônios tireoidianos (T3, T4, índices e TSH) o exame inicial para investigar alterações na tireoide e diagnosticar problemas.
A dosagem do hormônio tireoestimulante (TSH) é usada para identificar o hipo e o hipertireoidismo. Ela é indicada quando há suspeita ou risco para essas doenças ou como forma de rastreio (após os 35 anos de idade).
A dosagem do T4 livre também auxilia no diagnóstico do hipo e hipertireoidismo. Já a dosagem do T3 total e/ou T3 livre ajudam, somente, no diagnóstico do hipertireoidismo.
Os índices de anticorposanti-peroxidase (anti-TPO), anti-tireoglobulina (anti-Tg) e anti-receptores de TSH (TRAb), por sua vez, ajudam a diagnosticar doenças tireoidianas autoimunes, como Doença de Graves e Tireoide de Hashimoto. Essas, aliás, são as principais causas para o hipo e hipertireoidismo.
Teste do pezinho
Em bebês, o teste do pezinho serve para diagnosticar o hipotireoidismo congênito. Trata-se de uma condição na qual o organismo não gera os hormônios T3 e T4, afetando o crescimento e o desenvolvimento normal das crianças.
Ultrassonografia
A ultrassonografia da tireoide revela cistos, nódulos e até processos inflamatórios na tireoide. Ela pode ser normal ou com doppler (solicitada quando se deseja ver se existem artérias nas carótidas do pescoço estreitadas).
Cintilografia
A cintilografia faz parte do rol de exames complementares, solicitados em casos específicos. Se o TSH estiver suprimido, indica-se uma cintilografia com administração de radioiodo (iodo radioativo). Caso o câncer de tireoide seja confirmado, realiza-se uma cintilografia de corpo inteiro, para verificar se houve a disseminação (metástase) da doença.
Punção aspirativa por agulha fina
O exame físico vai além da visualização do bócio e da papada. Por meio da palpação, o médico pode sentir um nódulo com consistência endurecida, fator sugestivo para o câncer de tireoide.
Para confirmar ou descartar a suspeita, realiza-se uma biópsia do nódulo, por meio da punção aspirativa com agulha fina. No entanto, o procedimento é indicado, apenas, para nódulos maiores que 1 cm.
Tomografia computadorizada
A tomografia computadorizada é indicada para determinar a localização e o tamanho do tumor na tireoide. Além disso, mostra a presença de metástases em outros órgãos.
Ressonância magnética
A ressonância magnética também permite determinar a localização e o tamanho de tumores na tireoide, bem como a presença de metástases. Mas ela vai além da tomografia, fornecendo imagens mais detalhadas da glândula tireoide.
Como aliviar os sintomas ligados à tireoide afetada?
Pode-se aliviar alguns dos sintomas relacionados aos problemas na tireoide por meio de um estilo de vida mais saudável. Praticar atividades físicas com regularidade, por exemplo, ajuda a melhorar a disposição.
Ao mesmo tempo, deve-se evitar o excesso de sal, pois, por ser iodado, ele pode piorar o quadro. O mesmo vale para os alimentos considerados bociogênicos, como repolho, couve, nabo e soja.
Já para amenizar a aparência das bolsas embaixo dos olhos, evite os fatores agravantes. Os principais são o tabagismo e a exposição à luz solar sem proteção adequada.
Como tratar as doenças tireoidianas?
Os tratamentos variam conforme o tipo de distúrbio. A boa notícia é que as doenças da tireoide, geralmente, têm cura.
No caso do hipotireoidismo, o tratamento envolve a reposição de T4 sintético. Já no hipertireoidismo, costuma-se usar medicamentos (para interromper os efeitos ou a produção dos hormônios tireoidianos) ou fazer a remoção cirúrgica da glândula (total ou parcial).
Em quadros de tireoidite subaguda (inflamação da glândula, geralmente, causada por um vírus), por vezes, pode-se indicar algum medicamento para o alívio da dor. Na maioria dos casos, o problema desaparece sozinho, mas quando grave, recomenda-se o tratamento com corticosteroides.
Quando se trata de um câncer da tireoide, o tratamento varia conforme o tipo e estadiamento do tumor. Por vezes, pode ser preciso fazer a resseção da glândula e administração de iodo radioativo.
Quais são os riscos da falta de cuidado?
Sem o devido cuidado, os distúrbios da tireoide podem piorar o quadro de saúde do paciente. Os riscos são inúmeros:
- o hipertireoidismo, por exemplo, pode se associar ao aparecimento de doenças como osteoporose, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC);
- o hipotireoidismo, por sua vez, pode desencadear complicações diversas, como aumento do colesterol, anemia, dificuldade para engravidar, depressão, entre outras.
A partir dos 40 anos de idade, deve-se fazer o autoexame da glândula periodicamente, por meio da palpação. Se tiver alguma suspeita de problemas ligados a sintomas na tireoide, procure um endocrinologista. Após uma avaliação clínica, o especialista solicitará alguns exames para que, assim, possa diagnosticar o quadro e definir o tratamento mais adequado.